terça-feira, 29 de março de 2011

sábado, 19 de março de 2011

As quatro estações

As folhas secas cobrem o meu jardim, o outono demora a passar, varro as folhas enquanto te olho pela a janela, caminhando sobre minha calçada . Você passa ali todos os dias, na mesma hora, do mesmo jeito, com o mesmo andado, parece que...Não sei com o que se parece, mas sempre paro para te olhar, confesso que sinto um pouco de inveja, pois minha causada tem o privilégio de sentir os teus pés sobre ela. Te vejo todos os dias as oito horas da manhã e as oito horas da noite, vai com a cabeça baixa e vem com a cabeça mais baixa ainda, passos firmes e decididos, sorriso discreto (se é que aquilo pode-se chamar de sorriso). Cabelos pretos e amarrados, roupa bem passada, não usa brinco (pelo menos nunca vi) e usa um discreto batom marrom, para evitar certo pseudónimos cruéis. De vez em quando, nos encontramos na calçada, na nossa calçada, te comprimento, você olha pra mim e só balança a cabeça, eu até entendo mas prefiro fingir que não. Já fazem três anos que você mora na minha rua, no máximo trocamos cinco palavras.
_Moço, o lixeiro já passou?
_Sim!
_Ah, obrigada.
Conheço pouco sua voz, não conheço nenhuma mania sua, não sei teus medos, não conheço os teus segredos, não sei se é organizada ou não, muito menos sei dos teus defeitos. Só te conheço por minha calçada, os poucos segundos que ela fala de ti, quando passas ligeiramente sobre ela, enquanto fico pela janela te observando as oito da manhã, em mais uma sexta-feira de outono.
No inverno, passa sobre minha calçada toda agasalhada, o seu suéter cobre um pouco a tua face, permitindo-me olhar só os teus olhos, agora mais do que nunca, será impossível saber se andas sorrindo ou não, e tento por frações de segundos decifrar teu olhar , mas me entristeço, pois não sei bem o que ele me diz, é como se eu fosse um estrangeiro que não sabe falar a língua dos teus olhos, talvez eu seja apenas um turista em teu País, teu olhar talvez esteja em silêncio, assim como você, mas isso nunca irei descobrir no inverno.
Chega-se de uma forma triunfante a primavera, a estação mais bela e regada de cores fortes e chamativas, mas ainda és uma mulher discreta, vestido singelo, passa sobre minha calçada com uma enorme bolsa, parece que carrega o teu mundo lá dentro, olha pra mim e abre um sorriso bem indeciso, não se sabe se lhe convém aparecer, logo o retribuo.
_Bom dia.
_Bom dia.
_Dia bonito, não?!
_Sim, muito bonito, bom deixa eu ir.
Andas sempre compressa, parece que anda atrasada com vontade de chegar adiantada, e ela vem e vai de cabeça baixa, trocamos as vezes algumas palavras, e eu ainda sinto inveja da minha calçada.
E então, chega o verão, uma estação bipolar, a estação nada parecida com a mulher tão decidida como a que passa sobre minha calçada. E finalmente consegui saber o teu nome, através da D°.Iracema, a senhora mais fofoqueira da rua (é estranho dizer isso, mas a fofoca tem lá os seus lados positivos). O seu nome é Isabella, eu sabia que tinha bela no nome, era como se eu tivesse achado um tesouro ou descoberto tudo sobre você, mas o meu lado racional dizia pra eu não me alvoroçar, pois eu tinha apenas descoberto o teu nome. Já se tem três anos que mora em minha rua, três primavera, três verão, três outono e três inverno, que fico te observando enquanto passas em minha calçada, parece engraçado, mas não tem graça ter um amor platônico.



sexta-feira, 18 de março de 2011

Minha Mangueira

Maria dançava sozinha na passarela
Enquanto toda a escola de samba tocava pra ela.
E o último da banda
um surdeiro não tirava os olhos de Maria
que foi enfeitiçada pelo o ritmo da batida dos tambores.
Ela estava toda fantasiada,
o corpo e os olhos maquiados
gritava o nome de sua escola com o coração
de acordo com o enredo.
Maria sambava por amor
com um sorriso paralelo no rosto
mais uma filha fiel com o coração verde e rosa.
E o seu samba contagiou todo o sambódramo
e todos dançaram junto com ela, uma só alegria.
E aquela avenida não foi mais a mesma,
todos gritavam junto com Maria '' MINHA MANGUEIRA''

A vida é um poema

A vida é um poema
E todos nós somos poetas.
Agora é você quem escolhe
se seu poema terminará
com um ponto final
ou com reticências...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Tulipas

Não espere que alguém lhe trague rosas em um dia chuvoso.
Mas leva rosas ou algumas tulipas a alguém, que mesmo
que o tempo esteja ensolarado, pra ela estará chuvoso.

O sino do relógio da igreja

Dom...dom..dom...E o sino do relógio da igreja daquela pacata cidade bate mais uma vez, avisando para alguns que já é hora de dormir e avisando para outros que já é hora de ir trabalhar.O sino batia em doze em doze horas, por um simples homem que zelava da igreja, o único morador que tinha um relógio móvel naquela cidadizinha, pois os demais moradores confiavam cegamente na pontualidade do relógio da igreja.
Ao passar dos anos, aquela cidadizinha foi perdendo o seu estereótipo de pacata, refugiando ladrões das grandes cidades. Mas aquela cidade não era propício para roubos e furtos, pois a maioria dos maradores eram senhores e senhoras que não se importavam com o modernismo daquela época. E a coisa mais exuberante, mais magnífica daquela cidadizinha era o relógio (por completo) da igreja, não só por causa da sua grandeza e sim por ter contido dentro de si toda confiança dos moradores daquela cidade.
Aquela igreja acompanhava a cidade desde o seu início, com o som triunfante e pontual do sino do relógio, que batia em doze e doze horas. Em conjunto, os poucos ladrões que haviam na cidade, assassinaram o zelador da igreja e furtaram o sino do relógio, e até hoje não encontraram o corpo do único morador que tinha um relógio móvel naquela cidade, o sino roubado rendeu muito dinheiro para os ladrões, vendendo para os varões de cidades vizinhas, possibilitando então a saída dos mesmo da cidade. Nem juntando todo o dinheiro, não era possível comprar outro sino para o relógio da igreja, pois o comércio de sinos não era frequente, aumentando o seu preço pra mais do que o normal, e como consequência a cidade virou uma verdadeira anarquia e perdendo cada vez mais o seu estereótipo de cidadizinha, abrigando novos e agitados moradores que se sentiram atraídos pela a sua euforia.
E ao passar dos anos, o relógio móvel então ali chegou, nada que tragara a ''cidadizinha pacata'' de volta, e dos antigos maradores, não tem nenhum vivo para contar e comprovar essa história, e a cidadizinha virou a grande Brasília capital do Brasil.

sábado, 12 de março de 2011

O beijo de Macarujá

E quando os meus lábios tocaram os seus involuntariamente, trêmulos e ardentes, me senti como a única rainha do teu castelo, como uma criança que acredita em contos de fada ou em finais felizes, fiquei enfeitiçada pelo o doce sabor do seu  beijo de maracujá.
E quando os nossos corações tentavam entrar no mesmo ritmo, como uma orquestra desafinada sem timbre, meu coração sempre batia mais rápido e desesperado, atrapalhando o nosso concerto.
Nossos suspiros foram tão intensos, nossos lábios estavam sempre em movimentos, em uma velocidade quase inexistente.E vagarosamente me entreguei inteira pra ti, lhe dei um amor carente que não era exigente, que não exigia muito de ti.
Nos meus olhos fluíam-se as lágrimas, enquanto os meus ouvidos ficavam encantados com as suas palavras tão belas, tão sinceras e afiadas como uma faca, que cortava o meu coração que se iludia de promessas eternas que não foram cumpridas.
Suas coxas se faziam de cobertas para as minhas naquela madrugada fria, o seu suor não era capaz de esconder o teu sorriso malicioso, que na hora parecia tão inocente, carente e insosso.
Insano foi a forma que me deixe ser levada por ti, ou melhor, que deixei você invadir o meu coração assim tão abruptamente, fazendo de mim um mar de ilusões.
Covardemente você me deixou após ter o que queria, acenou e sorriu dizendo que satisfiz o teu desejo.E o que tinha começado com um doce beijo de maracujá, terminou com um amargo desprezo e abandono, com um sorriso irônico ele me disse adeus.

sexta-feira, 11 de março de 2011

...E se por ventura, alguém de vocês venha presenciar minhas lágrimas fluírem em torno dos meus olhos cansados, não dê gargalhadas, mas se sinta honrada, pois será a primeira pessoa a ver as minhas lágrimas.

Deixe o sol te ver

(Música)

Deixa o tempo te encontrar
de qualquer jeito
em qualquer lugar.
Acompanhada ou sozinha
triste ou vazia.

Deixe o sol te ver
deixa o arco-íris aparecer
depois da chuva, depois da curva (Logo ali)

Sinto o vento lhe tocar
e venha comigo brincar
o tempo logo vai acabar
e eu não quero arriscar
os seus abraços, o teu amparo
o teu carinho, o meu sorriso.

Deixa a poeira abaixar
logo o avião vai pousar
e então eu vou chegar
sorrindo, chorando
cantando esse refrão.

Deixa o sol te ver
deixa o arco-íris aparecer
depois da chuva, depois da curva (Logo ali)

terça-feira, 8 de março de 2011

O valor da vida

...E dizem que sou cruel, alegando que matei a minha amada, eu não a matei, apenas aliviei a sua dor. Quando ela estava no alto do monte Everest, sem oxigênio, mordendo os próprios lábios de tanta agonia...Aquela situação era agonizante para ambos, sem pensar muito eu revolvi beija-la, assim seu coração batia com mais velocidade emancipando a sua morte, era o único jeito de conter a agonia de minha amada. Não sou mau e acreditem, eu a amo, foi difícil fazer isso mas apenas realizei o desejo que seus olhos desesperados me pediam, aliviei a sua dor, não a matei pois ela esta eternizada no tempo, apenas  retirei a sua vida por amor. Queria que eles estivessem no meu lugar, sendo o amor da sua vida ali, sem ar, em uma desesperada luta contra a agonia ou o medo, sei lá, tenho certeza que se fosse com eles, fariam o mesmo.
Agora, eu estou eternizada no tempo, não sofro, mas temo algo que não sei bem o que é, estou livre do desespero, não sei se isso é bom ou ruim. Vejo pessoas vestidas de mantos brancos e outras de ternos pretos, sou a unica que parece estar vestida diferente, com um vestido azul de seda reluzente, não sei pra onde sigo, apenas caminho junto com a multidão. Vejo algumas pessoas retornando (não sei da onde) mais aliviadas e ouço de longe gritos de desesperados.Passei por um lugar escuro, sozinha, mas algo me dizia pra sempre seguir enfrente, uma voz e uma força me acompanhava, vi coisas que não sei se posso chamar de pessoas, pois tinham corpo de cavalo e várias cabeças, me olhavam dos pés a cabeça, mas não conseguiam chegar perto de mim, logo encontrei uma saída, uma luz forte veio em minha direção e me deparei com um lindo jardim, uma mansidão, era diferente de tudo que eu já tinha visto até aqui, era fantástico, sobrenatural, ali havia a paz que eu tanto procurava  e não achava, mas veio um vento contra mim, um vento forte que me fez cobrir os olhos com o meu vestido azul de seda, quando abruptamente tudo fica em silêncio e sem cor, e aos poucos e vagamente vou escutando vozes, vozes talvez de alguns parentes, epa, essa voz é do meu amor, chorando, porque será? Ouço mais gente, dizendo que eu não vou aguentar...Abro os olhos, cansada, desesperada mas com um breve um sorriso no rosto, vejo minha família, aparentemente felizes por me verem bem, eu fui mais além do que a capacidade humana possa imaginar ou que a ciência consegue explicar.Fiquei em coma e vi o fim, acho que todos deveriam ficar em coma apenas um dia, para terem noção do valor da vida.


segunda-feira, 7 de março de 2011

Rosas de Plástico e Rosas Naturais.

Não seja como as rosas de plástico.
Que são eternas, mas que não fazem parte da natureza, não tem perfume e ainda são desprovidas de beleza.
Mas seja como as rosas naturais.
Sensíveis, que precisam de cuidados especiais e que sem esses cuidados vai morrendo aos poucos, com a sua simplicidade chama a atenção de todos e sabe bem como fazer uma pessoa apaixonada abrir um sorriso.
Não seja como as rosas de plástico.
Que qualquer um possa toca-la sem ao menos ter os olhos enfeitiçados por sua beleza, sem ter o respeito pela sua fraqueza, sem ter o cuidado com os teus espinhos que servem de defesa.
Mas seja como as rosas naturais.
Que não simulam uma grandeza, que não se acanhe com a sua pureza, que sabe como alegrar alguém, que sabe o que lhe convém e que necessita de carinho, pois as rosas naturais não conseguem viver sozinhas.As rosas naturais são femininas, delicadas e preenchidas de beleza natural.
Diferente das rosas de plástico.
Que enfrentam a primavera com sarcasmos, acha tudo uma bobeira de estado ou de estação, só porque elas não conseguem chamar a atenção.
Mas seja as rosas naturais.
Que se exibem na primavera, que faz a estação ser a mais bela, que destacam-se em meio ao um campo minado de flores. As rosas naturais só aparecem uma vez por ano, fazem todos ficarem aguardando a sua vinda triunfante acompanhada e regada de chuva.
Seja a rosa natural, e tenha por sua vez as coisas de bem, pois isso lhe convém.

Algo que nunca terá fim...


_Eu te amo, eu te amo, eu te amo...
diz ele incansavelmente a ela.
Ela não sabe o que dizer,
ele não sabe parar de falar.
até que... (silêncio)

_O que você esta fazendo? pergunta ele.
_Escrevendo em meu diário! responde ela.
_Tem algo sobre mim ai, nesse seu diário?
_Só escrevo aqui sobre coisas boas.
(silêncio)
(risos)
_Calma seu 'bobo', lógico que tem coisas escritas sobre você.
(ele respira aliviado)
_O que exatamente tem sobre mim ai?
_Não posso falar.
_Tudo bem, não vou insistir.
_Hum...
_Eu te amo...
_Hum...
_Em vez de dizer 'hum' diz que me ama também.
_Pois é...
(suspiros)
_Não se preocupe, logo tu se esquece de mim.
_Não responda por mim.
_Para de querer ser diferente.
_Não quero ser diferente, apenas não vou te esquecer.
_Todo mundo vai me esquecer.
_Não, eu não vou.
_Vai sim, pois você se inclui nesse todo mundo.
_Em tudo que eu fizer, filmes, teatros, textos, livros você vai estar no meio...
_Não, não, você nem vai se lembrar de mim mais daqui uns tempos.
_Realmente, nem irei lembrar mais de você, pois não tem como lembrar de alguém que nunca se esqueceu.
(risos)
_Eu te amo.
_Hum...
_Diz que me ama também...

tu, tu, tu...
cai a ligação, pelo menos é isso que ele pensa.

No outro dia ela liga.
_Oi, liguei só pra lhe dizer que já viajei, agora querendo ou não vai ter que viver sem mim.
_Porque foi sem me avisar?você sabia que eu queria te ver antes!
_Porque seria mais doído dizer adeus olhos nos olhos e...
_E...?
_E, pessoalmente eu sei que eu não aguentaria ficar sem lhe beijar e se isso acontecesse, eu tinha certeza que eu não conseguiria partir.
_Então, realmente chegou o fim?
_O fim, o fim não importa. O que tem mais valor já foi vivido, as brincadeiras, nossos momentos especiais em lugares especiais.Afinal o fim é isso, ter alguma coisa pra se lembrar, alguma coisa para não se esquecer, alguma coisa que nunca terá fim.    _Então até um dia.Diz ele.
_Eu te amo.diz ela.

tu, tu , tu...

A ligação cai, pelo menos é isso que ela pensa.



*


 [...] -Só quero saber até quando você vai se desviar de mim! Diz ele inconformado depois que ela mais uma vez se recusa a falar sobre eles.
-Isso é um trecho de algum livro? Reponde ela com ironia.
-Não!
-Quem está se desviando de você?
-Você, uai.
-Não tô.
-Quero ver até onde isso vai chegar...
-Pois eu prefiro nem imaginar.
(Silêncio)
-Você tem certeza que te faço bem? Pergunta ela.
-Não tenho dúvida. Responde ele.
-É porque você fala comigo com tanta tristeza, com tanta frieza.
- O problema não está na gente, e sim nessa maldita distância que nos separam.
-Eu já tive essa conversa antes.
-E como ela terminou?
-Com promessas.
-Então vamos fazer o máximo para que dessa vez não termina com promessas.
(silêncio)
-Você leu aquele livro que lhe recomendei? Pergunta ela.
-Viu como você se desvia de mim?
-Mas eu não estou me desviando.
-Esta sim.
-Eu não posso lhe oferecer mais do que minhas palavras.
-Então ofereça-me as suas palavras.
-Eu te amo porra, é isso que você queria ouvir? Pronto, ouviu. Responde ela indiganada.
-Foi da boca pra fora.
-Eu gosto de verdade de você, e isso nunca irá acabar.
(risos)
-Porque você está rindo? Pergunta ela um pouco confusa.
-Mais uma conversa que termina em promessa. Responde ele.
-Não, essa conversa não terminou em promessas.
-Se não foi uma promessa, o que foi então?
-Foi promessa, mas a conversa não terminou, essa conversa será eterna, pois a única coisa que posso lhe oferecer é isso, minhas palavras.
-Esse diálogo daria uma bela poesia.
-Então escreva.
-Quem sabe um dia eu venha escrever, o dia que tudo isso terá fim, sendo bom ou ruim, como ou sem sarcasmo, um dia irei escrever para preencher esse imenso espaço em branco existente entre a gente, um espaço em branco de mais 2.029 km …
(risos)
-Porque você está rindo? Pergunta ele.
-Se a nossa conversa será eterna, essa poesia nunca terá fim. Responde ela.
-Terá fim sim, pois quando eu conseguir vencer essa barreira de 2.029 km, irei escrever um livro ao em vez de poesia.
-Essa poesia é o livro.
-Faz sentido...
-Agora vou sair, já está tarde, amanhã conversamos mais, pois tudo isso nunca terá fim, não é mesmo?! Amanhã damos continuidade a esse livro ou poesia.
-Tudo bem, amanhã damos continuidade as nossas vidas.
E essa conversa está eternizada (não enterrada ) no passado, ainda não teve fim,  pois para um dos dois se não para os dois, tudo isso vai continuar existindo...

Ambivalência Afetiva

Até a tristeza é um bom sinal para uma pessoa que tem ambivalência afetiva.Pois nada é pior do que querer chorar e não conseguir, apenas fingir um sorriso, se negando explicar a ausência de uma lágrima, não sinto falta, nem raiva, nem ódio ou rancor, muito menos amor, o que sinto não tem palavras, são apenas misturas de sentimentos que impedem as minhas lágrimas se fluírem.

domingo, 6 de março de 2011

Sem lugar certo de dormir

Não preciso ter medo, pois sou o medo em carne e osso, sou quem a sociedade evita ver e conversar. Não preciso ter cisma de andar na rua sozinho a noite pois ninguém se atreve a me roubar. Em meu nível, tudo vale para sobreviver, matar para não morrer, roubar para saciar minha fome e sede. Não tenho cama, nem rede, nem lugar certo para dormir, não tenho casa pra ficar, nem família pra amar, sou de todo mundo mas ninguém é meu, sou o monstro que as crianças temem, sou o resultado do sistema, como dizem os filmes dos cinemas, sou a realidade desse mundo, essa é a minha palavra, dentre tudo, eu não sou nada, mas não sou o demônio como alguns dizem por ai, apenas sou um mendigo que não tem lugar certo de dormir.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Viva com sabedoria

Deixamos o passado para trás
e aceitamos as mudanças
como se tivéssemos escolha.
Deixamos então o futuro com quem já passou por ele
e o presente fica com a gente,
mesmo não sabendo se o merecemos
estamos sobre ele vivendo.
Pois a vida não é como a primavera
que vai, mas temos certeza que volta
e que sempre faz uma entrada triunfante
de chuva.
Comece então a viver a vida,
isso é o que mais ouvimos hoje em dia
mas devemos ser maduros o suficiente
para entender a diferença de viver a vida
e de viver o momento.
Pois quem vive a vida com sabedoria
evita futuramente o sofrimento.
Então comece a procurar a paz
ela pode estar no futuro, no presente
ou até mesmo em algo que você já deixou para trás.
Resgate aquilo que te faz sorrir,
pois a vida é curta demais para fingir um sorriso.
Abra os teus olhos, faça um pedido
ande sempre em frente, seja positivo,
não confie na sorte, apenas faça ela ser sua,
pois todas as vitórias foram semeadas após a luta.
Saiba a hora certa de falar e de ouvir.
Saiba a hora certa de recuar e de agir.
Saiba a hora certa de ficar e de partir.
Saiba a hora certa de ter a sua própria família.
Saiba viver a vida com sabedoria.

terça-feira, 1 de março de 2011

Lua-de-mel

 O vinho tinto derramou sobre o vestido branco da noiva, mas isso nem importava tanto pois a cerimônia já havia acontecido, mesmo assim a noiva quis se trocar, sobe para um dos quartos da mansão, sozinha segurando o vestido manchado de vinho tinto.
Era noite sábado, um sábado qualquer, mas um sábado diferente para aquela pobre mulher, ela estava realizando o sonho de muitas mulheres, ela estava se casando, mas não era a primeira vez, já tinha se casado uma outra vez e foi abandonada pelo o marido na lua-de-mel, e foi na lua-de-mel que ela encontrou o seu noivo com quem acaba de se casar, que por obra do destino também estava deixando uma noiva e um coração partido para trás. Ela era consciente disso e sabia que também corria esse mesmo risco de ser abandonada pela segunda vez, esse pensamento a incomodava, ficava em dúvida pensando no que fazer ou se apenas novamente deixaria tudo acontecer.
_ Ah, são só pensamentos que logo vão embora com o vento. Diz a noiva para as paredes, mas como diz o ditado, as paredes tem ouvidos.
Chegando no quarto, ela logo tira o véu e o vestido de noiva, e até hoje não se sabem se foi obra do destino, mas um simples garçom entra no quarto de mansinho, trazendo em uma de suas mãos uma garrafa de vinho tinto, e na outra mão duas taças de cristais.

_O que faz aqui? Pergunta a noiva assustada.
_Quer vinho? Pergunta o garçom com um sorriso irônico.
_Saia do quarto agora, que falta de profissionalismo.
_Não quer vinho? Pergunta novamente o garçom.
_O que quer comigo? Pergunta a noiva amedrontada.
_Eu nada, é você que quer algo comigo.

A noiva assustada um tanto quanto conformada, se senta na beira da cama e com lágrimas nos olhos pergunta o garçom.

_Como soube?
_Você pensa alto. (risos)

E com medo e receio de ser abandonado pelo o marido, ela resolveu então evitar o sofrimento, a noiva foge com o garçom sem nenhum argumento, deixando para trás apenas o passado, deixando para trás o sofrimento que ainda ia vir, ela foge pra bem longe dali. Com um doce sentimento de vingança ou até mesmo uma boa sensação de tarefa cumprida, a noiva começa uma ''nova vida'' , com a consciência limpa ela realmente começa acreditar que tudo será diferente, do jeito que ela sempre sonhou. E com o passar dos anos lá estava ela novamente, pela terceira vez em cima do altar, com a mesma inocência da primeira vez, com o mesmo doce sabor amargo do amor e pela terceira vez mas a primeira que ela considerava, vem a lua-de-mel, que pra ela era algo divino que realmente vinha do céu, sem nenhum tipo de duvida ou desconfiança, ela se entrega totalmente ao seu marido, como se entrega um doce pra uma criança chorona.
No penúltimo dia de lua-de-mel, os dois ficaram na beira do mar olhando as nuvens do céu, até que o seu suposto marido ( o garçom) sai para comprar cigarros...E foi a ultima vez que ela o viu, pela terceira vez como da primeira ela chora abandonada, agora ainda mais forte se sente negada pelo o amor, e para completar a sua dor, ela ve o seu segundo ex marido que ela mesmo abandonou, junto com outra, feliz talvez, amante ou não, eu não sei, mas ela não estava nada bem, abandonada pela terceira vez na lua-de-mel, na praia, sozinha, sentindo dor, ela se joga no mar com rancor, pois preferiu ser levada por uma onda do que novamente chorar por amor.

Maria

...Não chore mais morena, pois teus olhos pequenos não aguentam mais chorar, suas olheiras se destacam ao pôr-do-sol, como a noite te castiga, não?
Teu espelho já não vê mais o teu sorriso, onde está aquela tua alegria? Maria, menina, morena, pequena.
Acenda um cigarro com suas mãos trêmulas, sente tua coxa fria, abandonada nessa madrugada vazia, cadê os teus amores? Maria.
Onde está aquela sua aventura? Não atravesse mais a rua quando me ver, apenes abra um sorriso no amanhecer.