quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ultimo romance

        _Que coisa mais melancólica : diz Alfredo após ouvir mais uma vez a crítica de sua mulher Dalva, cobrando-lhe mais atenção, carinho.

Não sabe Alfredo que o amanhã cobrará muito caro dele.
                 
                 Mais uma noite fria, fim de semana, Dalva passa sozinha com os filhos, sentindo a ausência do marido, tentando imaginar os possíveis lugares que ele poderia estar. Cansada de chorar sempre pelo mesmo motivo, sem pensar nos filhos e sim no fim do sofrimento, ela se atira da janela do seu apartamento, do 5° andar. Era uma noite de sábado, sem muito movimento, dia 2 de Agosto, o dia do seu aniversário, era mais ou menos umas onze horas da noite. 
               Do outro lado da rua, Alfredo se embriagava  no bar, sem perceber a movimentação de ambulâncias, bebia cada vez mais, até que resolveu ir embora para casa, ele se depara com uma multidão de gente ali em frente ao seu condomínio, entra no meio da multidão, olha para o chão e repara uma poça de sangue e uma gargantilha que deu para sua esposa Dalva quando completaram 10 anos de casado. Ele se desespera e vai ao chão, sua consciência naquele momento lhe acusa de ser o responsável por essa fatalidade, olha para o lado e vê sua filha Izabel de apenas 7 anos e seu filho Alonso de 9 anos, eles totalmente traumatizados pelo o ocorrido, vão em direção do pai e o abraça, o pai com o cheiro insuportável de pinga, coitados tão novos, tão inocentes.
Passado 5 anos, Alfredo não consegue mais controlar a saudade de sua falecida esposa
_Ah quem dera eu ter ouvido Dalva, hoje minha consciência pesa, me culpa 
_Oh Deus tende piedade de mim, me diga qual rumo a tomar, agora entendo minha amada o que passou, sua ausência é o resultado da minha ausência.
Com lágrimas nos olhos Alfredo olha a Janela de onde sua mulher se atirou tentando decifrar como será que ocorreu a fatalidade, sua consciência pesa tanto que chama ele de assassino. Alfredo caminha em direção ao quarto de Izabel e Alonso.
_Que crianças fortes, não se deixaram abalar com a perda da mãe.
Quase saindo do quarto, Alonso levanta e pergunta ao Pai.
_Pai onde é que o senhor estava quando mamãe morreu?
Alfredo impressionado com a pergunta de seu filho, o manda dormir.
Mais Alonso insiste.
_Papai, não irei dormir enquanto eu não souber onde o senhor estava no dia em que a mamãe morreu.
Alfredo sem mais jeito e com medo da reação de seu filho, acaba mentindo!
_Bom meu filho, papai estava trabalhando na hora que...
Interrompe Alonso.
_Pai não minta para mim, naquele sábado a noite mamãe chorava ao ponto de chegar a soluçar, entre os prantos de suas lágrimas lhe dizia que o senhor não a amava mais, dizia também que o senhor tinha trocado a nossa família pelas noitadas da vida vazia 
Alfredo já cercado pelas indiretas de seu filho, resolveu contar a verdade.
_Meu filho, naquele sábado eu estava no bar  quando sua mãe me ligou cobrando de mim mais atenção e carinho, eu achei muita frescura da parte dela e a ignorei.
Alonso triste diz ao pai.
_ Pai o senhor que é o culpado pela morte da mamãe.
Alfredo sai do quarto, sem mais nenhuma palavra, arrasado, desabafa pro vento.
_Agora não, além de minha consciência meu próprio filho me acusa. Será eu mesmo o verdadeiro responsável pela morte de Dalva? Sou tão in-sentimental como ela me dizia? Maldito seja eu e o meu coração de pedra. Dalva, Dalva, meu primeiro amor, meu ultimo  romance, sua falta me deixa louco, será esse o meu castigo? Agora você quem esta sendo in-sentimental comigo, me deixando sozinho.
        Alfredo não aguenta mais sofrer pelo mesmo motivo, como sua mulher fez, não pensou nos filhos, egoísta se atirou do 5° andar, mas algo diferente aconteceu, o chão não chegava , caia, caia, caia, mas ainda vivo, e então ele abre os olhos e vê Dalva do seu lado, bom não tão falecida assim. Alfredo teve apenas um pesadelo, com medo de perde-la novamente a sua mulher, ele se dedica mais a sua família e larga de beber, guarda só com ele o sonho daquele dia!




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