sexta-feira, 15 de julho de 2011

Giz

E desce em mais um copo de 51 as lembranças atordoantes que já deveriam ser levadas pelos fortes ventos que passam por aqui. É tão amargar de tomar, é tão difícil de aceitar as coisas como são, parece ser simples tragar em um só gole a solidão.
_’’Só mais uma garrafa ‘’
Eu prometo para todos.
_’’ Não me deixem aqui, esperem-me mais um pouco, tenho medo do escuro, já que me habituei a viver  lúcido’’.
E a minha verdade sobre os fatos passados viram apenas mais um relato ou uma lembrança demasiadamente infernal que arde, arde e arrebenta o meu peito com um punhal, e que cala a minha boca, acorrenta os meus passos, escurece o futuro, acende o medo e me faz refém de mim mesmo.
E me deixaram pouco depois do bar se fechar, mas ela ficou de longe observando se eu ia conseguir pelo menos atravessar a rua sem ser '' esmagado'' . Eu não a vi, mas a senti ali, bem perto de mim.
Estranho como ela consegue me livrar das garras do inimigo e dos contos de amor com final feliz que ainda escrevo e leio nos livros.
Sou eu o perigo, eu sou o meu maior risco, não posso mais andar sozinho comigo.
Se ela soubesse que preciso andar em um caminho só e em que qualquer curva dessa  infinita highway eu posso enfraquecer e retroceder.
Ah se ela soubesse que preciso de ajuda, não de qualquer pessoa, não de psicólogo ou de psiquiatra como dizem por ai, mas é ela, é dela de quem preciso e necessito perto de mim...
E ela me fez mais uma vez esquecer o passado e planejar um futuro sem medo, mas cheio de promessas para se cumprir.
Já apaguei a luz, agora sim acho que consigo dormir sem medo, não tenho medo de morrer, mas tenho de morrer sem ter ela no pensamento.
Mais um sorriso bobo no meio do quarto escuro, deito-me na cama e já resumo o futuro e presumo os planos, não os meus planos, mas os nossos planos.
E um deles é sermos dois corpos e um só coração, passeando no jardim botânico, em um dia de domingo, eu, ela e nossos filhos sorrindo, pedindo dinheiro para comer guloseimas enquanto ela olha pra mim, serena me diz.
‘’Deu certo o nosso futuro que era incerto e desenhado com um pedaço branco de giz’’ 

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