quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cifra e decifra

Vi a vida passar em meus olhos, escorregar entre meus dedos, levando embora o meu sorriso, me habituando ao medo.
Enquanto pela janela, sentia meus sonhos morrerem em cada passo que ela dava, procrastinava o desespero sem ao menos almejar a primavera, era inverno, é um inferno exorcizar nossos demônios, controlar os nossos próprios anseios.
Minhas olheiras estavam cada vez mais nítidas consequência de noites mal dormidas e a vida se partiu de mim e nem se quer deixou um bilhete de despedida.
Vi a vida novamente em uns olhos castanhos claros, minha esperança pausadamente foi ressuscitando no meio da terra seca, cada respiro, um alívio, pela primeira vez me lembrei de olhar para o céu que por sua vez estava cinza e triste e senti a obrigação de agradecer por estar vivo.
A vida me exalou um sorriso tímido, trouxe contigo a paz, não mais minimizada.
Minha insanidade foi radicalizada e a mitologia grega já não tem tanta graça.
Hoje à minha alegria tem nome, sobrenome, RG, CPF, endereço, defeitos e manias, hoje o meu sorriso é lúcido, sem fantasias.
E ela de longe me sorria, trazendo contigo o que dizem ser psicológico, o que dizem os psicólogos humanos, demasiados humanos e errantes, o que dizem os poetas loucos em seus versos tão alucinantes. 

Um comentário:

  1. Estou cansada de dizer sempre a mesma coisa
    Mas tudo que você escreve é tão lindo *0*

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